Ficar bêbado noite do baile seu último ano nunca é uma boa idéia, mas Jake Hayes nunca esperava tudo fosse terminar com um acidente de carro e um poste incorporado em sua garganta. Seu maior arrependimento sobre tudo isso? O que nunca disse a Samantha Shay. Ele está apaixonado por ela durante anos e nunca teve a coragem de dizer a ela. Agora é tarde demais. Porque depois dessa noite, Jake nunca será capaz de falar novamente. Quando Jake retorna à sua casa pequena ilha, a população de 5000, ele vai ter que aprender a lidar com o fato de ser mudo. Ele também acha que a sua família não se limita aos seus seis irmãos e irmãs, que às vezes uma ilha inteira está cuidando de você. E quando ele tem a chance de passar mais tempo com Samantha, ela vai ajudá-lo a aprender que não ser capaz de falar não é a pior coisa que poderia acontecer com você. Talvez, se ela deixa, Jake vai finalmente dizer-lhe o que ele não disse antes, mesmo que ele não pode realmente dizer.
Quem nunca né
gente? Quem nunca quis dizer tanta coisa pra tanta gente – em principal para
aquela em especial – mas simplesmente não conseguia? Falta de coragem é um mal
que assombra uma boa parte da população e mais de dois terços dos adolescentes,
especialmente os apaixonados. Mas, e se você tivesse coragem, mas não tivesse
voz? Já se imaginaram sem poder falar tudo o que pensa, não contar piadas com
os amigos e não poder gritar de raiva? Jake também não.
Nosso protagonista
é o inverso de todos os outros que já lemos por aí, porém não deixa de ser
incrível. Ele não tem aquela pinta de garanhão, não é misterioso, não vem
caramelizado com boa dose de sarcasmo e muito menos rude, pelo extremo
contrário, o Jake é o protagonista masculino mais doce, ingênuo e educado que
já me deparei. Ele mora em uma ilha no pacífico onde todo mundo conhece todo
mundo e formam a cidade feliz. Sua família é conhecida por ser a maior de toda
a vizinhança, contando com ele são seis filhos criados em uma enorme casa de
campo na educação mais perfeita que se possa existir. É muito legal de ver como
o Jake respeita os princípios pelo qual foi educado já que não vemos muito
disso tanto no mundo literário como no mundo real. Jake é bonito, joga no time
de futebol, honesto, carismático e tímido. Não só ele, para falar bem a
verdade, todos nessa ilha. Não temos um vilão, não há o gostosão do time que
bate nos mais fracos e nem a líder de torcida maravilhosa que faz um inferno a
vida dos menos privilegiados.
Quando está no
segundo ano colegial, uma nova estudante, Samantha Shay, recebe toda sua atenção
e amor. Mas Jake nunca lhe disse isso e talvez nunca irá. Quando resolve sair
em uma festa com seus amigos e bebe um pouco além da conta, Jake sofre um
acidente de carro que tira por completo sua voz por toda sua vida. O conflito
de todo o livro é esse, a incapacidade do Jake de dizer o que sente e pensa.
Juntos de Jake, vemos como ele consegue superar essa tragédia com o apoio e
suporte de seus amigos e principalmente familiares, que estão sempre a postos
para ajuda-lo. Acima de tudo, recebe a ajuda de Samantha que lhe dá aulas da
linguagem de libras por ser a única no colégio a saber.
O livro é lindo por
não ser água com açúcar e nem balela como muitos YA contemporâneos por aí. O
foco da história não é a superação do Jake, mas sim a beleza da ingenuidade e
inocência em uma relação onde gestos é o alicerce. A Samantha me surpreendeu
muito no decorrer do livro por se mostrar uma adolescente com garra e
determinação que eu mesma não teria em determinadas situações. A prorrogativa desse livro é a esperança de
que mesmo quando tudo possa conspirar contra nossa felicidade nós não devemos
desistir de lutar.
A narrativa é em
primeira pessoa no ponto de vista do Jake o que eu achei maravilhoso por saber
como ele se sentia e como ele contornava o fato de não poder falar e se fazer
compreendido. É em formato de caderno já que é o único meio de comunicação que
ele possui agora. A linguagem é fácil e cotidiana, promovendo uma leitura
gostosa e contagiante pela força de vontade de bom humor dos personagens.
Uma curiosidade
sobre esse livro é que ele pode até ser um pouco biográfico pois a autora
perdeu parte da audição e teve que lidara com isso na adolescência. Então
podemos considerar o Jake como um espelho de Keary Taylor.
Eu me enganei quando li a sinopse do livro porque achei que
seria mais uma história de amor adolescente clichê com uma dose de drama no
meio, mas What I Didn’t Say vai além, ele nos mostra que somos formados de
esperança e amor e que quando fazemos deles a predominância em nossas vidas,
não há motivos para não sermos felizes.
"Minha mãe se atreveu a sair do meu lado um dia por uma hora e voltou com um pacote de quinze cadernos de diversas cores. Eu só balancei minha cabeça quando ela me entregou. Minha voz de papel."
Editora: Createspace
Páginas: 326
Publicação: 2012
Nota: ★★★★
Páginas: 326
Publicação: 2012
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