Páginas

Resenha: What I Didn't Say - Keary Taylor

23 de jul. de 2014


Ficar bêbado noite do baile seu último ano nunca é uma boa idéia, mas Jake Hayes nunca esperava tudo fosse terminar com um acidente de carro e um poste incorporado em sua garganta. Seu maior arrependimento sobre tudo isso? O que nunca disse a Samantha Shay. Ele está apaixonado por ela durante anos e nunca teve a coragem de dizer a ela. Agora é tarde demais. Porque depois dessa noite, Jake nunca será capaz de falar novamente. Quando Jake retorna à sua casa pequena ilha, a população de 5000, ele vai ter que aprender a lidar com o fato de ser mudo. Ele também acha que a sua família não se limita aos seus seis irmãos e irmãs, que às vezes uma ilha inteira está cuidando de você. E quando ele tem a chance de passar mais tempo com Samantha, ela vai ajudá-lo a aprender que não ser capaz de falar não é a pior coisa que poderia acontecer com você. Talvez, se ela deixa, Jake vai finalmente dizer-lhe o que ele não disse antes, mesmo que ele não pode realmente dizer.

Quem nunca né gente? Quem nunca quis dizer tanta coisa pra tanta gente – em principal para aquela em especial – mas simplesmente não conseguia? Falta de coragem é um mal que assombra uma boa parte da população e mais de dois terços dos adolescentes, especialmente os apaixonados. Mas, e se você tivesse coragem, mas não tivesse voz? Já se imaginaram sem poder falar tudo o que pensa, não contar piadas com os amigos e não poder gritar de raiva? Jake também não.

Nosso protagonista é o inverso de todos os outros que já lemos por aí, porém não deixa de ser incrível. Ele não tem aquela pinta de garanhão, não é misterioso, não vem caramelizado com boa dose de sarcasmo e muito menos rude, pelo extremo contrário, o Jake é o protagonista masculino mais doce, ingênuo e educado que já me deparei. Ele mora em uma ilha no pacífico onde todo mundo conhece todo mundo e formam a cidade feliz. Sua família é conhecida por ser a maior de toda a vizinhança, contando com ele são seis filhos criados em uma enorme casa de campo na educação mais perfeita que se possa existir. É muito legal de ver como o Jake respeita os princípios pelo qual foi educado já que não vemos muito disso tanto no mundo literário como no mundo real. Jake é bonito, joga no time de futebol, honesto, carismático e tímido. Não só ele, para falar bem a verdade, todos nessa ilha. Não temos um vilão, não há o gostosão do time que bate nos mais fracos e nem a líder de torcida maravilhosa que faz um inferno a vida dos menos privilegiados.

Quando está no segundo ano colegial, uma nova estudante, Samantha Shay, recebe toda sua atenção e amor. Mas Jake nunca lhe disse isso e talvez nunca irá. Quando resolve sair em uma festa com seus amigos e bebe um pouco além da conta, Jake sofre um acidente de carro que tira por completo sua voz por toda sua vida. O conflito de todo o livro é esse, a incapacidade do Jake de dizer o que sente e pensa. Juntos de Jake, vemos como ele consegue superar essa tragédia com o apoio e suporte de seus amigos e principalmente familiares, que estão sempre a postos para ajuda-lo. Acima de tudo, recebe a ajuda de Samantha que lhe dá aulas da linguagem de libras por ser a única no colégio a saber.

O livro é lindo por não ser água com açúcar e nem balela como muitos YA contemporâneos por aí. O foco da história não é a superação do Jake, mas sim a beleza da ingenuidade e inocência em uma relação onde gestos é o alicerce. A Samantha me surpreendeu muito no decorrer do livro por se mostrar uma adolescente com garra e determinação que eu mesma não teria em determinadas situações.  A prorrogativa desse livro é a esperança de que mesmo quando tudo possa conspirar contra nossa felicidade nós não devemos desistir de lutar.

A narrativa é em primeira pessoa no ponto de vista do Jake o que eu achei maravilhoso por saber como ele se sentia e como ele contornava o fato de não poder falar e se fazer compreendido. É em formato de caderno já que é o único meio de comunicação que ele possui agora. A linguagem é fácil e cotidiana, promovendo uma leitura gostosa e contagiante pela força de vontade de bom humor dos personagens.

Uma curiosidade sobre esse livro é que ele pode até ser um pouco biográfico pois a autora perdeu parte da audição e teve que lidara com isso na adolescência. Então podemos considerar o Jake como um espelho de Keary Taylor.

Eu me enganei  quando li a sinopse do livro porque achei que seria mais uma história de amor adolescente clichê com uma dose de drama no meio, mas What I Didn’t Say vai além, ele nos mostra que somos formados de esperança e amor e que quando fazemos deles a predominância em nossas vidas, não há motivos para não sermos felizes.



"Minha mãe se atreveu a sair do meu lado um dia por uma hora e voltou com um pacote de quinze cadernos de diversas cores. Eu só balancei minha cabeça quando ela me entregou. Minha voz de papel."


Editora: Createspace
Páginas: 326
Publicação: 2012
Nota


Nenhum comentário:

Postar um comentário